PENSANDO BEM / Celso Luís Piovesana



Meu avô, Luigi Piovesana, veio da Itália para o Brasil no final do século XIX (1890) e estabeleceu-se no interior do estado de São Paulo, na área rural de Itajobi. Junto com minha avó Luiza, tiveram doze filhos. Trabalharam sem mão de obra escrava no plantio de café, mas, como era comum e obrigatório, tinham as plantações e animais de criação para autossustento. Sem energia e sem água encanada, viveram, basicamente, da força física. Os tratores e caminhões vieram com o início da mecanização no campo, após mais de vinte anos de trabalho braçal e com animais. O tempo despendido no trabalho era de mais de oito horas ao dia, sem folgas e sem finais de semana. Sua capacidade produtiva em 200 alqueires de terra foi o suficiente para torná-lo um homem rico. Hoje em dia, com as tecnologias agrícolas e os maquinários, a capacidade produtiva na mesma área é superior, no mínimo, a 200 vezes à capacidade do meu avô. Entendo que, diante da capacidade produtiva dos tempos atuais, para executarmos um trabalho e sermos produtivos com sobras para terceiros, não seria necessário mais do que vinte horas semanais. Trabalhando vinte horas semanais nos sobra tempo para sermos criativos, artistas e atletas (recreativos). Assim sendo, o mundo poderia ser uma festa e um grande espetáculo.
Celso Luís Piovesana

Celso Luís Piovesana cursou Medicina na UNESP Botucatu entre 1972 e 1977. Em Campinas (SP), onde reside desde 1978, fez especialização em Psiquiatria, em Medicina do Trabalho e Saúde Pública (sanitarista) na Unicamp. Fez cursos e estudos em Psicanálise por mais de quinze anos. Médico concursado pelo Estado de São Paulo, chegou ao cargo de Diretor do Ambulatório Regional de Saúde Mental de Campinas e região. Nesse ambulatório, por mais de dez anos, prestou atendimento aos chamados indigentes, isto é, aos que não tinham convênio médico porque não eram trabalhadores com registro em carteira (CLT). Os celetistas usufruíam do chamado INPS e dispunham de bom atendimento. O Sanatório Cândido Ferreira (Sousas) foi de vital importância na retaguarda assistencial a esses chamados “indigentes”, que hoje, com o SUS e a reforma política da saúde mental, estão “abandonados” pelas ruas de Campinas e do Brasil. Na vida política foi filiado ao PT por mais ou menos dez anos. Após Jacó Bittar ser eleito prefeito de Campinas, entendeu que o PT não é um partido  democrático nem tem interesse em acabar com a corrupção. Vendo o partido como insalubre, buscou o PV com o propósito de contribuir com a natureza. Chegou à presidência do PV em Campinas, mas como o presidente nacional do PV foi e é um “Fidel Castro” no partido e torna impraticável qualquer outra política que não a de se prestar às negociatas da esquerda, mudou para o PL. Entende que só se pode ter saúde mental quem for livre, e dentro dos partidos de esquerda não há liberdade, porque lá todos devem rezar a “cartilha” dos proprietários ditadores desses partidos. Infelizmente seus seguidores não apenas estão se vendendo por dinheiro ou algum status hierárquico, mas também estão “vendendo” — perdendo, na verdade — a dignidade, a honra e a liberdade. Submissos, acham que estão protegidos, sem perceber o quanto destruíram de suas vidas.

Serviço:

Pensando Bem
O Brasil que eu Quero
Celso Luiz Piovesana
Scortecci Editora
Crônicas
ISBN 978-85-366-6675-4
Formato 14 x 21 cm
44 páginas
1ª edição - 2024
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