AS 7 CASAS BRANCAS / Marcos Frota



Genaro é um proprietário de terras. Ele resolveu conservá-las. Os bichos são bem-vindos. Algumas pessoas foram autorizadas a morar nelas, mas obrigadas a preservar o ambiente. No trajeto próprio do libertário que imagina ser, Genaro permitiu a ocupação de algumas de suas casas, dizendo para si mesmo: Criminosos são punidos. Há lugar para solitários. Hospital para doentes. Mosteiro para penitentes. Prisão para condenados. A Fazenda Sete Casas é dos decepcionados. Ele memorizou esse pensamento e regozijou-se com ele, sem se aperceber da força da última palavra de sua insígnia... Mas não haveria de ser nada, e de qualquer modo ele morava na cidade. O rio, que desmanchou um monte em suas terras, ofereceu recursos para a afirmação de seu ideário e para recordações da juventude — principalmente Nicole e Napoleão, que aspirava ao cargo de governador. Filho de proprietários de usinas açucareiras, o jovem Napoleão viveu ignorando o mundo e construindo sua realidade. No curso do tempo conviveu com Nicole e Genaro e teve embates com ele. Fixado em dinheiro e no poder que ele traz, Napoleão é dono de certezas, também daquelas alimentadas pelo poder. Nicole era seu segundo maior desejo. Genaro era o antípoda que ele queria desmanchar, como um rio belicoso faz com um monte pacato.

Do começo do romance - Quando as terras entraram em acordo com as águas, nasceram recantos misteriosos e secretos. Alguns, sem dúvida, de muitas virtudes, capazes até mesmo de beneficiarem a cachaça escondida furtivamente por trabalhadores.

Do meio do romance - É difícil navegar dividido. Não importa o querer, as distâncias serão sempre maiores do que as forças. Mas, o que fazer?... Agradecer a felicidade de seu amor?... Talvez pedir perdão?!... Sem dúvida dizer adeus! É chegado o momento de dizer adeus, e não devo deixar que passe. O adeus, antes da ruína. Um sacrifício por inocentes que poderão sofrer. Antes, era possível. No futuro, quem sabe! Hoje, com certeza, é preciso dizer adeus.

Do fim do romance - Sabem que não deviam fazer isso, mas não querem deixar de fazer. A cobertura da casa foi reforçada. Ripas e caibros foram substituídos por uma resistente armação, coberta por pranchas e anteparos de segurança de madeira imputrescível, resistente ao sol e à chuva. Agora, com mais frequência, Genaro e Anelise abrem o alçapão e chegam à cobertura, de onde apreciam o céu estrelado, arrulham meiguices e miam estridentes como gatos. E integrados por seus sistemas nervosos, como um organismo e seu parasita, eles alcançam a vertigem brutal dos sentidos.

Obras do autor
Romances
O Senhor do Tempo
O Punhal de Spinoza
O Pintor de Calçadas
Boletim de Ocorrências
As 7 Casas Brancas

Contos
O Bar do Ulisses
O Macaco do Coco Oco
Tragédia em Retalhos — Vol. I
Tragédia em Retalhos — Vol. II

Poesia
Amor e Poesia
Sonetos de Amor e Desamor

Serviço:

As 7 Casas Brancas
Marcos Frota

Scortecci Editora
Romance
ISBN 978-85-366-6603-7
Formato 14 x 21 cm
192 páginas
1ª edição - 2024
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