SURPRESA / Vera Lúcia Carvalho de Aguiar



A poesia tem sido minha válvula de escape em que eu descarrego minhas frustrações, meus desencantos, minhas tristezas, minhas angústias, divide minhas esperanças, poucas, mas existem, minhas alegrias, pequenas, mas existem, meu amor grande pela natureza: animais e plantas. Meu amor infinito pelo Criador. Meu respeito pelas instituições nas suas diferentes esferas. Essa sou eu, autora deste mimo que hoje nasce de uma maneira simples, porém emocionante, pelo que significa para mim, que no sacrifício de uma existência quer ainda agradecer a todos que de uma maneira especial me incentivaram a dar luminosidade a este trabalho que deu trabalho para existir, mas vingou me deixando muito feliz.

Nasci no mundo encantado das palavras mágicas que surgem para ajudar vidas obscuras, ausentes de carinho, amizade, esperança tão comum para pessoas sensíveis que encontram na palavra o apoio que lhes falta no cotidiano da sua existência. A vontade de me revelar passou a dominar a necessidade da minha criação que no poder paralelo da natureza me deixou nascer. Assim, eis-me aqui tal qual a semente que germina no solo pouco preparado para receber-me, mas no sonho daquela que me trouxe ao mundo: nascida, já estou presente nesse campo fértil que é o mundo das palavras que florescem, estou chegando com a primavera, estação das flores, das árvores que dão vida, encanto, beleza, cumprin-do o ciclo de um período tão sugestivo, como é este momento. Sou o presente “Surpresa”, para muitos que não sabiam da minha existência retida na gaveta da poetisa que lá me deixou dormir, sem a coragem que domina os iniciantes no mundo das palavras expostas no atrevimento de um Livro Poético. Sou o resultado de uma necessidade que sempre existiu e resistiu para vingar. Sou o subproduto de querer existir e, ao mesmo tempo, resistir, por não acreditar que eu pudesse existir. Sou, portanto, o paradoxo entre a vontade e a resistência que teima em não deixar a vida se aflorar, então sempre abortar o sonho de dar vida à semente germinadora que é a palavra. Essência natural de quem tem sobre ela o instrumento natural que a mente revela, através do pensamento. Escrever é dar o direito de uma palavra existir, de um sentimento brotar. Nessa existência, toda a complacência motivante também jorrar. Quem escreve se vê dominado pela força criadora que lhe sai da alma, âmago tal qual a seiva que brota do caule do fruto. É o sangue que corre nas veias poéticas, levando a vida e o encanto, falando, mostrando, suavizando outras diretrizes fora do senso comum que, no dia a dia, sempre são conduzidos. O poeta transporta o lúdico, a verdade, de uma maneira única, despreocupado, ou melhor, preocupado com o encanto, com o diferencial, com a perspectiva, com um ângulo diferente, destoante. Aí está o poder paralelo que a palavra encontra, quando encontra o eco no leitor que também divide esse momento único para ambos: escritor e leitor. É uma simbiose, é uma química singular, é um ato amoroso, até nesse momento também diferente, é um prazer mútuo, experienciado, isolados, um do outro. É o casamento compartilhado no momento único que a solidão se entrelaça na forma da alegria disfarçada, do prazer isolado, da fruição genuína que a leitura proporciona. Querer deixar no mundo um material que o eternize é querer deixar no mundo da escrita o elemento mais frutífero da árvore da vida, a palavra. Força sutil, mecanismo de defesa, vida reveladora, sonho projetado para criação, trazendo o amor como fonte inesgotável da compreensão, da realização, da força divina que domina o ser humano nas múltiplas linguagens. Escrever é um ato tão poderoso que mesmo despretensioso se torna um ato político, apaziguador, transformador, questionador, revelador e silencioso. Aos que tiverem a curiosidade de parar e ler um ou dois dos poemas aqui deixados, uma boa leitura com total desejo de um feliz encontro com as palavras, que no presente: “Surpresa” alguma revel-ção seja confrontada com a sua necessidade de um encontro positivo, preenchedor de paz, harmonia com o universo, com seu semelhante e, principalmente, com o Criador que nos traz ao mundo para uma evolução plena dos nossos sentidos. Uma boa leitura.
A Autora

Serviço:

Surpresa
Vera Lúcia Carvalho de Aguiar

Scortecci Editora
Poesia
ISBN 978-85-366-6584-9
Formato 14 x 21 cm
120 páginas
1ª edição - 2023
Voltar Topo Enviar a um amigo Imprimir Home