J. L. ROCHA DO NASCIMENTO - AUTOR DO LIVRO "OS PÉS DESCALÇOS DE AVA GARDNER"

J. L. Rocha do Nascimento Nascido João Luiz Rocha do Nascimento em 16.05.1959, Oeiras-Pi, é contista e poeta, além de Professor da Universidade Estadual do Piauí-UESPI, Juiz do Trabalho do Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região. Mestre e Doutor em Direito Público, pela Unisinos-RS. Membro do grupo Confraria Tarântula de Contistas, com o qual assina Os vencidos, Dei pra mal dizer e mantém a página confrariatarantula.blogspot.com. Integra também o grupo virtual Juízespoet@s, com o qual publicou Prosa & Verso, Pássaro Liberto, Tecendo a magia e Nossas cidades: corpo e alma. Em maio de 2019 publicou, pela Scortecci, seu primeiro livro individual de contos intitulado Um clarão dentro da noite. Na área jurídica, costuma fazer aproximações entre Direito e Literatura. Fruto dessa experiência é sua dissertação de mestrado, intitulada Do cumprimento do dever de fundamentar as decisões judiciais: morte dos embargos de declaração, o Macunaíma da dogmática jurídica.

Os pés descalços de Ava Gardner
Os contos se dividem em duas partes bem definidas. A primeira se compõe de narrativas curtas, quase minimalistas, marcadas por uma linguagem direta e ligeira, mas também angustiante e, por vezes, cruel, sem concessões, do que não escapa nem mesmo o narrador, como é o caso do conto Noite feliz, onde quem narra não é apenas um mero observador. Ao contrário, ele está inserido no próprio mundo que despreza e não demonstra qualquer tipo de autocomiseração. Outro exemplo é o conto Na rede, que, ao reproduzir o diálogo entre duas pessoas num aplicativo de mensagem, aos poucos revela de como uma conversa inicialmente amistosa se transforma num palco ideal para agressões e ofensas mútuas, numa demonstração de que as redes sociais, atualmente, no mais das vezes, se prestam para se destilar ódio, expressar preconceitos e desejos de vingança. A segunda parte é composta de contos de maior fôlego, tanto em extensão como em dramatização. Ainda assim, fragmentados por divisões internas, constituindo-se elas próprias, como num exercício de metalinguagem, de pequenas histórias dentro da história principal, mas que, no conjunto, compõem um único painel. Exemplos emblemáticos nesse sentido, dentre outros, são os contos Os oito pecados capitais, Redondilhas e Deus salve Antônio Leiteiro, além do conto que dá título ao livro. Constituído de uma diversidade de temas, todos eles universais como amor e ódio, memória e sonhos, velhice e solidão, vida e morte, de comum entre os contos, se destaca: o diálogo com outras formas de expressão, como o cinema e a música, além da própria literatura, como é o caso do conto Eu queria escrever como Rubem Fonseca, no qual o protagonista não esconde sua devoção pelo grande contista brasileiro. É nessa parte do livro que também se concentra, de forma mais aguda e afiada – seja pela simples ironia, que atravessa todo o livro, ou pelo implacável tom sarcástico imposto –, sua leitura mais crítica, é dizer: mordaz e ácida, quando lida na perspectiva do social, da política, dos costumes e do cotidiano da vida das pessoas. Dono de um estilo próprio, forte e ao mesmo tempo e elegante no ato de contar, J. L. Rocha do Nascimento, com sua linguagem fluente e desprendida, conseguem com Os Pés descalços de Ava Gardner causar a impressão de há uma exata correspondência entre narração e pensamento. Mas isso é apenas uma ilusão. Nas suas narrativas, sejam as curtas, médias ou longas, há uma relação de velamento e desvelamento entre discurso externo e interno. Há sempre um não dito que não é entregue na enunciação, fica preso no pensamento, por isso boa parte das narrativas não passa de fragmentos, ou só podem ser compreendidas no seu conjunto, visto que não há uma entrega total, sempre sobra (ou falta) algo, cabendo ao leitor colmatar os espaços vazios.

ENTREVISTA

Olá João Luiz. É um prazer contar com sua participação no Portal do Escritor

Do que trata o seu Livro?
Trata-se de um livro de contos contemporâneo, de temáticas variadas, todos elas universais como memória, sonho, infância solidão, ilusão, sexo, violência urbana, amor e morte.

Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?
A ideia de escrevê-lo surgiu da observância do dia a dia e a partir de experiências pessoais de vida (ou com as coisas reais, como diria Belchior) retidas na memória. Se destina a um público adulto e bem informado, visto que o livro é todo ele marcado pela intertextualidade que exige do leitor determinadas compreensões prévias
 
Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Trata-se do segundo livro de contos. Anteriormente, no ano de 2019, publiquei, também pela Scortecci, o meu primeiro livro de contos intitulado Um clarão dentro da noite, premiado com o 3º lugar (Categoria Livro de Contos – Prêmio João do Rio) no Concurso Internacional de Literatura da União Brasileira de Escritores – UBE-RJ. Recentemente publiquei, em outubro de 2022, pela editora Penalux, o meu terceiro livro de contos (Os morangos silvestres e outros contos eróticos). E para o ano de 2023 há a previsão de publicação do meu quarto livro de contos, cujo título é Na caverna de Platão e outros contos breves, que concorreu ao Concurso da UBE-RJ de 2022 para livros inéditos e também obteve o 3º lugar na categoria Livro de Contos, Prêmio Rubem Fonseca.
 
O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Muito difícil, sobretudo para os novos e desconhecidos. Mercado muito fechado. Dificuldade na distribuição, além do que não existe no país uma cultura de leitura.
 
Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Através de outros colegas escritores que já publicaram pela Scortecci.
 
O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
Acredito sim. Trata-se de um livro de contos contemporâneo, constituído de temáticas diversas, escritos numa linguagem direta e fluente, além de caprichada, e que estabelece diálogos com outras formas de expressão artísticas, como o cinema e a música, além de outros textos literários.

Maria Cristina Andersen

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