CINEMA NAS VEIAS / Felício Verbicaro


Felício Verbicaro nos carrega pelas veias e nos arrebata num cinema de infinitos fotogramas. O arrebatamento pode ser o maior tesão universal. Um nome de alegria nas casinhas gêmeas londrinas, ou quando gatos e asfaltos ficam reluzentes e de volta nos trazem quem nunca deveria ter ido. Pelas veias de cada fotograma do cinema de Verbicaro iremos nos dispersar na bruma das esperanças. Mesmo com as deusas das memórias sendo implacáveis, nunca nos perdoando para nos libertar ao delicioso presente. Por isso a poesia anestesia.

Libertar daquilo que não pode ser visto. Nas viagens de Verbicaro pelo mundo das Alices, de Elton John, da princesa Di, há uma expectativa de que a flecha lançada ao infinito se canse de lá nunca chegar e regresse, e nos faça um big bang ao reverso. Para quem não tem satélite, e não consegue ver o planeta de cima, só restava se fazer ao mar. Buscavam as índias, mas muitos brasis inesperados foram encontrar. Se de causas e efeitos amadurecemos a maturidade, espera o poeta que o dividido se reúna para tecer o limite do infinito. Se faça ao mar.

Paixão.
A certeza do comandante que naufraga agarrado a seu Leme. E no que seria a desgraça do naufrágio surge o sentido de uma enorme paixão por você. Qual você? Ao leitor caberá imaginar e redesenhar as paixões que foram submersas e que, ao serem refotografadas no cinema de Verbicaro, nos incomodam a ponto de configurarmos a mesma certeza daquele capitão, agarrado ao leme do seu navio. Paixão se faz se fazendo ao mar.

“Errei à beça, mas tenho pressa, eis que a vida mal começa.”
Nada tem fim. Nada se encerra. Tudo apenas se transforma. Também quero o tal chá de hibisco, estimado poeta Verbicaro. Sorver ao seu lado nas deliciosas linhas da sua poesia os líquidos, digitais ou não, desses momentos que aliviam as velhas e as novas Chagas. Que venham, agora eu as pego pela frente. Cinema nas veias, uma fortaleza poética de Felício Verbicaro.
José Luiz Tejon

Felício Verbicaro
Mestre em Arte e Cultura pela Universidade Mackenzie. Doutor em Educação. Autor de 33 livros em autoria e coautoria. Guerreiros não nascem prontos, o último lançamento. Nasci, no dia 5 de março de 1953, na Maternidade São Paulo, na cidade de São Paulo, estado de São Paulo: paulistano integral. Aos 13 anos, passei em um teste para ingressar, como crooner, na banda que alguns colegas adolescentes da Aclimação estavam formando e que se chamava Polyssonante. Concluí minha adolescência na mesma Aclimação, sem deixar de frequentar as piscinas e as “domingueiras” do Tênis Clube Paulista. Nestas últimas, subi ao palco com o Polyssonante e aplaudi, no mesmo palco, a inesquecível formação original da banda chamada Ameba.

Nos recreios da Escola Estadual Presidente Roosevelt, onde cursei o ginásio e o “científico”, enquanto os craques da turma jogavam futebol, fazia vocais com meus companheiros de banda, Rubens (Corrêa de Almeida) e Guilherme (Arantes). Estudei Administração de Empresas na Fundação Getúlio Vargas e Filosofia na USP: das duas “casas”, trago até hoje a amizade de inesquecíveis colegas. Em 1975 e 1976, morei em Londres, cidade que marcou para sempre minha vida e as linhas da poesia que pude, desde então, produzir. Verbicaro é o nome do vilarejo italiano de onde partiu, em algum dia do final do século XIX, um homem chamado Vincenzo Rocco (meu bisavô paterno), com destino ao país que, para ele, se chamava Brasile. Desde os 13 anos, quando descobri que podia ser cantor, instrumento das Musas, raramente adormeci sem antes ler algum tre-cho, de algum livro. Thomas Mann, Drummond, Borges, Joyce, García Márquez, Ishiguro, Poe, Herman Hesse,...: a lista é infinita porque a poesia, filha (ou irmã) da Literatura, tal como o Deus de Spinoza, também é.

Serviço:

Cinema nas Veias
Felício Verbicaro
Scortecci Editora 
Poesia
ISBN 978-85-366-5894-0
Formato 14 x 21 cm 
52 páginas
1ª edição - 2019 
Preço: R$ 30,00
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