VIOLÊNCIA CEGA / Odelita Figueiredo

Poliana, personagem cega que narra sua experiência de vida, aborda também outros casos semelhantes ocorridos com pessoas com outras limitações. Trata-se de fatos cotidianamente expostos na mídia, mas que ainda esconde um lado cinza e invisível aos olhos da sociedade: A violência em geral, com ênfase para o (FEMINICÍDIO) e (ABUSO SEXUAL) sofridos por pessoas que já possuem limitações severas. Poliana pretende descortinar a violência doméstica e parental encoberta pelo véu do (amor) e proteção exagerados que envolvem as relações humanas. O fim do livro é claro: apenas alertar e despertar o interesse do leitor sobre o assunto, para que cada pessoa tome sua própria atitude.

Neste meu décimo livro publicado, abordo, através de uma narrativa de ficção, fatos que atualmente encontram-se divulgados amplamente na mídia, mas que ainda possuem um lado da temática obscuro e invisível aos olhos da sociedade. Trata-se da violência em geral, com ênfase para o feminicídio e, sobretudo, para a violência e abuso sexual praticados contra crianças e adolescentes com algum tipo de deficiência. Observe, caro leitor, a pedofilia, que por si só já se constitui um dos crimes mais cruéis praticados pela humanidade. Imagine esse crime abominável imposto a alguém incapaz até mesmo de perceber o mal ou de se defender de seu algoz? Porém, a barbaridade não termina. Imagine agora o abuso sexual simplesmente praticado por alguém que deveria cuidar da criança ou adolescente com uma ou mais limitações, como, por exemplo, algum parente, professor, religioso, amigo ou vizinho da família, e no desfecho impressionante, revoltante e maligno, pelos próprios pais da vítima? Coloco-me no lugar do meu semelhante e chego a sentir a dor do punhal ou espinho dilacerando minhas entranhas e machucando minha própria carne. Um ato que pode levar à morte ou, pior, deixar marcas que, ainda que sejam cicatrizadas e perdoadas, jamais serão esquecidas. Apenas foque, caro leitor, no exemplo de uma menina sem nenhuma sanidade mental tornando-se mãe de um filho neto de seu próprio pai. Ou um adolescente surdo que vive num internato sendo abusado por religiosos e coagido a guardar silêncio para não sofrer retaliações. Uma adolescente com deficiência física, presa a uma cadeira de rodas, forçada a praticar sexo oral com um professor numa sala vazia no final de um corredor, cujo acesso são apenas alguns degraus que não oferecem nenhuma ameaça para muitos. Ou, ainda, uma menina cega estuprada, sem defesa, que enfrentará por muito tempo o constrangimento somente por guardar lembranças.
Meu objetivo com essas ilustrações é tornar visíveis as ocorrências, provocar o debate sobre o assunto e incentivar o auxílio de todos a tais vítimas. Enfim, apelo mesmo para sua compaixão. Caso perceba algo estranho nas relações de qualquer criança ou adolescente com algum tipo de deficiência, seja com quem for, não seja omisso, denuncie! Nem precisa se identificar, mas fale, levante a suspeita, aja de alguma forma; não deixe passar talvez a única oportunidade de socorro para uma pessoa indefesa... Odelita Figueiredo

Apesar de possuir vasto material publicado desde a década de 1980, não me considero uma escritora. Antes, porém, enquanto poesia, sou uma ínfima criatura que transmite sementes poéticas, geralmente de cunho filosófico. E, enquanto prosa, sou apenas uma contadora de histórias que obtém alívio com suas narrativas. Enfim, tudo que fiz, faço e farei certamente sempre teve e terá uma inspiração divina. Sou feliz e grata a Deus por haver me permitido mais esta missão.
Odelita Figueiredo

Tendo começado a assinar meus trabalhos com o pseudônimo Déli Figueiredo na década de 1980, assumi definitivamente meu verdadeiro nome, Odelita Figueiredo, na década de 2000.

Trabalhos publicados:
Jornais locais
Correio da Bahia, A Tarde, Editora Gráfica da Bahia (EGBA), Revista Corporativa da Embratel, dentre outros.
Participações em coletâneas
Aves Ressentidas do Verde Mar (poesias), Ed. Contemp (BA), 1986
Antologia de Escritores e Poetas do Brasil, vol. V, Ed. Revista Brasília (OIC), 1987
Antologia Poética Lume, Ed. CEPA – Grupo Cultural de Pensamento e Ação (BA), 1987
Antologia Poesia de Fim de Século, Ed. CEPA – Grupo Cultural de Pensamento e Ação (BA), 1989
Antologia de Escritores e Poetas do Brasil, vol. VI, Ed. Revista Brasília (OIC), 1990
Coletânea de Poesia, Ed. Serviço Social da Indústria – SESI Itapagipe (BA), 1990
Coleção Olavo Bilac, Poetas Contemporâneos, vol. II, Ed. Revista Brasília (OIC), 1994
Vivo Palavra Viva (poesia), Ed. Grupo Pórtico (BA), 1996

Livros publicados
Sementes (poesia), Ed. Bureal (BA), 1991
Mensagens de Luz (poesia), Ed. Contemp (BA), 2000
Canto Livre (poesia), Ed. Pórtico (BA), 2004
O Universo dos Excluídos (crônicas de uma deficiente visual), Ed. Secretaria
de Cultura e Turismo de Salvador (BA), 2005
Memórias de um Voo Cego (poesia; com audiolivro), Ed. Secretaria da Cultura do Governo da Bahia, 2006
O Desabrochar da Rosa (poesia), Scortecci Editora (SP), 2007
Corpo de Braille – Uma História Escrita a Seis Mãos e Ditada por uma Voz (ficção), Scortecci Editora (SP), 2007
O Terceiro Olho (poesia), Scortecci Editora (SP), 2008
Mil Faces da Diferença (depoimentos), Scortecci Editora (SP), 2009

Serviço:

Violência Cega
Odelita Figueiredo

Scortecci Editora
Ficção
ISBN 978-85-366-5243-6
Formato 14 x 21 cm 
112 páginas
1ª edição - 2017

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