JOÃO ROSA DE CASTRO - AUTOR DO LIVRO "SANTA MARIA D'OESTE"

João Rosa de Castro participou de encontros organizados pelo Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – Universidade de São Paulo. Fez seu primeiro contato formal com a literatura anglo-irlandesa, sobretudo o drama irlandês contemporâneo. Iniciou pós-graduação também instituída pela FFLCH.
Profissional de letras, com licenciatura plena, em São Paulo, traduziu, para o Português, ensaios de Oscar Wilde, Caneta, Lápis e Veneno, A Decadência do Mentir, A Alma do Homem sob o Socialismo, etc., e para o Inglês, Invasores de Marte: As Aventuras de Joaquim e Eduardo, primeira parte da saga infanto-juvenil, de Michael Ruman, e Origami, Primus AD e Mosaicos Urbanos, de Maurício R B Campos.
Atualmente, o autor desenvolve poesia e prosa em língua portuguesa, divulgada na Internet (www.lumedarena.blogspot.com.br) e em diversas antologias poéticas na forma tradicional. Dedica-se à crítica literária, à versão, tradução e revisão em Inglês e Português, à Filosofia, à Literatura e à Ciência.

Santa Maria D'Oeste
Mesmo não tendo um defunto autor, como em Memórias Póstumas de Brás Cubas, Santa Maria d’Oeste trabalha com muito talento os elementos do grande romance de Machado de Assis, situando-os em uma vivência contemporânea que convida o leitor a acompanhar as reflexões de um narrador-personagem que transita entre vários temas, referências e situações vividas por ele. Colocado diante do que chama de tear da alma, lembra de palestras e palestrantes do Café Filosófico da TV Cultura, de Nietzsche, Comte, Col dplay, Oswaldo Montenegro, quase sempre se dirigindo à Santa Maria, que acolhe suas inquietações. Na verdade, o que o narrador-personagem chama de escrevinhação está destinado a desafiar o leitor a percorrer os caminhos de sua consciência.
Justamente por serem desafiadores, tais caminhos não são fáceis, pois não se revelam de maneira transparente. O leitor está diante da escrevinhação de um homem erudito, cuja eloquência constrói um mosaico de temas e pensamentos que vão dando forma à sua alma nesse tear. Pequenas narrações, reflexões sobre o amor, sobre a homossexualidade, sobre a música brasileira, entre outras coisas, deixam no leitor uma impressão convincente, e, ao mesmo tempo, estimula-o a ir além disso, para explorar algo latente em meio à diversidade apresentada.
O alto poder de convencimento desse narrador-personagem dá a impressão de um homem poderoso, senhor de si. Entretanto, o que sua erudição deixa entrever no decorrer da leitura é justamente um homem frágil, que tem em sua eloquência uma mo-rada, uma proteção, uma resistência. Essa fragilidade requintada tem a ver com a condição do homem de letras contemporâneo que, longe de ocupar um lugar privilegiado, se vê à margem, não só financeiramente, mas também culturalmente. Um olhar humanístico que se choca com o mercado de trabalho, com os preconceitos, com a cultura de massa, e que, como resultado desse choque, também se volta para dentro, de onde deixa transparecer, por trás de sua eloquência, uma auto-ironia catártica – para o narrador-personagem e para os leitores que se identificam com ele.

ENTREVISTA

Olá João. É um prazer contar com a sua participação no Portal do Escritor.

Do que trata o seu Livro? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?
Santa Maria d'Oeste, assim como todos os meus livros, trata da vida, e têm-na como matéria-prima. As experiências vividas principalmente, em detrimento das ouvidas ou lidas, são o suprassumo da obra. Por tratar de questões profundas da realidade vivida num contexto dos anos 2000, e, em não podendo essas questões serem debatidas na psicanálise, creio que o público mais disposto a me ler é o da classe de psicólogos. Apesar de que escrevo para todos e para ninguém. Assim como todos os possíveis leitores são um pouco psicólogos e também não são. Estamos no rio e não estamos.

Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Não tenho filhos, sofre minha árvore da felicidade (fêmea): resta-me apenas o macho. Não se trata de nada transcendental ou prescrito por nenhuma tábua de valores. É apenas uma forma de escoar conhecimentos, dividir experiências, trocar ideias, importunar gentes (por que não?), levar as pessoas a refletir a possibilidade de fundir ideias distantes ao mesmo tempo em que separam as ideias há muito fundidas.
É o segundo livro em prosa, depois de 16 escritos em verso, num pequeno corpus de trinta e um livros no total. Não tinha intenção de partir para as letras, isto ocorreu-me. Meus planos iniciais eram o de seguir a carreira das psicologias. Mas estava muito tarde para me enveredar por estas searas. Daí ter escolhido o curso de letras, que me permite sentir também um pouco psicólogo. Agrada-me, tenho muito prazer em dividir minhas experiências através das letras. Creio que atirei no que vi e acertei no que não vi.

O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Degradante. Ainda bem que não me considero escritor. Isto é função dos leitores. Mais ainda, não considero sequer isto uma profissão. Lembro-me de um ditado das minhas aulas de língua latina com o muito divertido professor Iulunga: letras não dão pão. O que me redime e permite sobreviver é mesmo acordar, lavar roupas, cuidar da alimentação, ler (muito mais do que escrever!), conversar com meus circunstantes, pesquisar minha vida como se fosse o meu melhor objeto de observação. Deixar minha obra para os pósteros ou para algum arqueólogo do futuro.

Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
No curso de letras, conheci a Marcielena (não me recordo o sobrenome dela). Isto faz já alguns anos. Lembro que quando vi a capa de seu livro: O Cavaleiro Negro no Deserto, fiquei encantado com o trabalho da Scortecci. Infelizmente, li depois a obra e encontrei uma profusão de erros (falhas e equívocos), na forma, no conteúdo, na sintaxe, na coerência e na coesão... Não foi muito interessante a experiência com aquele livro. Mas gostei da coragem e da liberdade que a editora permitiu a distinta escritora. Que, aliás, talvez tenha cometido todos aqueles erros intencionalmente. Nunca sabemos até onde vai a liberdade moderna.

O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
Todo livro merece. O meu não é diferente. Escrevemos para comunicar. Falar com as paredes deve ser um caos maior. Não ser lido é mais ou menos isto. Aliás estou passando por muitas dificuldades para realizar uma tarde de autógrafos. Tenho o livro, tenho os convidados, tenho tempo, mas não há local para realizá-lo aqui perto, onde moro. E quero que seja por aqui, pois a maior parte dos meus conhecidos estão por esta região da Zona Leste. A periferia além do Rap.
Sendo assim, e como parece que não me permitirão fazê-lo, num encontro presencial, faço aqui o que queria fazer no dito encontro, a saber: agradecer às pessoas que participaram de alguma forma na realização desta publicação:
Agradeço a todos os leitores desta entrevista, que me ajudam a promover o livro Santa Maria d’Oeste e me prestigiam com a divulgação.
À Gláucia Lisboa de Carvalho e José Carlos Prestes Júnior, por terem lido o livro antes de todos, com o fito de redigirem o prefácio.
Ao Léo de Carvalho e Maria Alice Paes, pela Inspiração Literária de Sempre.
À Rosângela Rodrigues, pela Inspiração e Companhia de sempre.
Ao mestre escritor, Mauricio R B Campos, pela Ideia de Publicar o livro no Formato Físico.
À Minha mãe, e a toda a sua casa, pela ajuda vital.
Aos Comerciantes da Vila Curuçá, pela divulgação da minha obra, em cartazes que difundi por aqui.
Ao CAPS Perdizes, pelo Apoio dos Funcionários e Usuários.
Ao CAPS Itaim-Paulista, pelo Apoio de Eliel Lima de Andrade, do departamento administrativo e da psicóloga Ana Paula Lopes da Cruz.
Ao CECCO Parque Chico Mendes, pelo Apoio da Coordenadora Iria Mariani e de Outros Funcionários.
À Casa de Cultura Itaim, pelo Apoio do Coordenador, Músico e Promotor Cultural, Cacau Ras.
À Fábrica de Cultura Vila Curuçá, pelo Apoio de Wesley Dantas de Souza, do Departamento de Articulação e Promoção.
Ao Juarez Martins dos Anjos Júnior, pela Organização do Evento.
Ao Grupo Editorial Scortecci, pela Publicação do Livro Físico.
À Paola Mariz, pelos Trâmites da Publicação.
À Rhoany Palma Moretti, pela Elaboração da Arte Final.
Ao Valdir Colonhezi, pela Diagramação.
Ao Jeferson Barbosa, pela Criação do Projeto de Capa Original.
À Fundação Biblioteca Nacional, pelo Arquivamento da Obra.
À Câmara Brasileira do Livro, pela Catalogação.
À Universidade Cruzeiro do Sul, e outras instituições que devo contatar, pela possibilidade de realização da tarde de autógrafos.
À Carlos Tiveron, pelo Apoio para a realização da tarde.
E a muitos outros, que posso ter deixado de mencionar, mas que foram importantes para a realização desta publicação.
Muito obrigado, à Maria Cristina Andersen, pela entrevista.

Maria Cristina Andersen
Blog do Escritor

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