NÓS, VIAJANTES / Eduardo Queiroz Galvão

Queiroz Galvão se intertextualiza,  entre a poesia e a prosa, e narra histórias visíveis, palpáveis de um realismo bucólico e saudoso, indo brincar e buscar a leveza cristalina do Rio Corda e a pesada massa turva do Rio Mearim, dois rios que na encantadora Barra do Corda, no centro geodésico do Maranhão, para lembrar pedaços metafóricos do querido Wolney Milhomem, se cruzam sem se misturarem, a fazerem simbolicamente o sinal da cruz... e Queiroz Galvão chama à epígrafe o poeta Fernando Pessoa, sendo que o gênio alfacinha perde para o barra-cordense por ter apenas o Tejo como rio de sua aldeia... E prossegue a contar histórias de sua meninice, sagas que lhe ficaram guardadas no coração, na evocação de amigos, conhecidos e figuras populares que enchiam de generosidades e preciosidades outras, a querida Barra do Corda, essa mágica e doce feiticeira a dengar-se entre planícies... E continua a contar abusões, e quebrantos em noites como se se transmudassem àquelas narradas por Dostoiévski ou Edgar Allan Poe... São lendas, são fatos já incorporados culturalmente pelo imaginário de toda gente, passados de avós para netos, como verdadeiras correias de transmissão, são sonhos miríficos que bailam por toda parte em forma de cantos e recordações. É o poeta e o prosador, e o memorialista a se confundirem numa trilogia de encanamentos... em um só Eduardo Queiroz Galvão! Nós, Viajantes é o segundo livro de Eduardo Queiroz Galvão. A primeira parte, Nós, Viajantes, é um exercício mental do que somos e representamos no Corpo Universal, Deus, ou Grande Potência, infinito e eterno, do qual somos o Sopro de Vida, ou o Hálito de Deus.

Na matéria, somos limitados
No tempo e no espaço.
Do nascimento à morte,
Deslocamos por reduzido lapso.
O corpo é uma vestimenta
Que descartamos
Para jornadas etéreas.

O visível e o invisível,
O sem limite e o limitado.
Somos eternamente viajantes
No espaço sidéreo sem fronteiras,
No invisível sem fim,
E limitados no visível esporádico.

A segunda parte, Rio Corda e Mearim, é uma viagem à terra amada, o amor a ela por meio de histórias contadas por seus habitantes. O épico Mar das Caraíbas, terceira parte deste livro, trata da viagem de Colombo, sua chegada ao Caribe e o massacre ocorrido aos povos caribenhos. A consequência dessa viagem foi a destruição da cultura e dos povos de um continente inteiro, a América.

Nós, eu

 Somos nós,
 Infinidade de elementos
 Interdependentes
 De um só corpo.
 Sou eu
 Parte única,
 Essência,
 Sopro de vida
 Eterna.

Eduardo Queiroz Galvão nasceu na aldeia indígena guajajara de nome Canabrava, no município de Barra do Corda (MA), no ano de 1956 e é membro de uma família de sete irmãos. Quando seus irmãos mais velhos chegaram à idade escolar, mãe e filhos mudaram-se para a cidade. Em dezembro de 1971, seus pais o enviaram para Brasília para continuar seus estudos na Capital Federal, onde seus irmãos mais velhos já se encontravam. Formou-se bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Católica de Brasília e entrou para o Serviço Exterior Brasileiro em 1976. Trabalhou nas embaixadas do Brasil na Guatemala, Lima, Paramaribo e Saint Georges e nos consulados gerais brasileiros em Vancouver, Toronto, Boston, Xangai e Caiena. Foi Vice-Cônsul do Brasil em Boston, Xangai, Paramaribo e Caiena. Atualmente é Vice-Cônsul do Brasil em Saint George's, Granada, Caribe.

Serviço:

Nós, Viajantes
Eduardo Queiroz Galvão

Scortecci Editora
Contos
ISBN 978-85-366-5078-4
Formato 14 x 21 cm 
136 páginas
1ª edição - 2017

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