A. BERNARDO CERÂNTOLA - AUTOR DO LIVRO "A ÂNSIA CALMA DE ENTENDER"

Antônio Bernardo Cerântola nasceu muito longe da virótica cibernética e passou rica infância pisando descalço, bebendo de poço, improvisando brinquedos de barro e lenha, num quintal sem muros onde todo espaço dividia com animais, corredeira, lago, açude, plantações, roçados, flores, frutos. Aprendeu o risco de atiçar casa de marimbondo, se aproximar de boi bravo, ofender pai e mãe. Infantizou puro de malícias, crendo, até quase em pelos, em cegonha-parteira, saci-pererê, pilorda, papai-noel, pecado mortal. A tudo superou sorvendo suas metáforas, mas a crença em Deus se expandiu por reconhecer na sua divina expressão, a manifestação do amor como fonte única da evolução.
Sexagenário viajado, estudou, correu mundo, casou-descasou, casou-descasou, fez filhos, ganhou netos e amou o quanto pode. Embalado por veia poética, ensaiou roteiros pra cinema e juntou aqui e ali impressões no papel, sempre que o reclamo de alma exigia satisfações. Colheu o que pode de diferentes estágios para compartilhar nesse livro experiências e reflexões.
No abismo silencioso da mente, Bernardo plasma campos de verde-viço, águas limpas, olhares mansos, amor em calda onde todos bebem da mesma colher. Ele se embrenha nesse imenso pasto de fartura ao largo de julgamentos, como fragmento da mesma massa manifesta em pedra, terra, água, mata, animais...

A Ânsia calma de entender
A verdadeira essência da arte está no prazer da descoberta, ao percebemos a luz valorizada na sombra tênue da pintura; o sustenido musical integrar dois movimentos quase imperceptíveis; a expressão silente do ator no profundo da dor; a plástica cênica do bailarino preencher o palco em gestos de nirvana; o vão oculto das palavras revelando caminhos inusitados.

Passeie pelos textos como num domingo de sol e procure nas metáforas camufladas de letrinhas, o cerne, o profundo, a razão e, sobretudo, a beleza, com o desprendimento de acolhê-la quando aquece o coração ou quando corta pulsos, que em tudo há a maravilhosa dádiva da vida.
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ENTREVISTA

Olá Antônio Bernardo. É um prazer contar com a sua participação no Portal do Escritor.

Do que trata o seu Livro? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?
É um mix de poemas, contos e escritos, esses últimos assim rotulados por falta de melhor definição. Escrever é um apelo de alma desde bem antes da puberdade, mas a timidez (ou o medo do fracasso) me tolheu até hoje, quando finalmente me solto para compartilhar, consciente em oferecer bom material para reflexão sobre a vida. Meu público é o que busca no detalhe a aprovação da arte.

Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Meu livro fala de mim, marcando uma trajetória de mais de sessenta anos em textos produzidos em diferentes estados de consciência. Sempre desejei me expressar e viver da literatura ? não tive competência. Fui me entretendo com a vida, me deixando levar... mas o teclado me chama e se impõe: escreva! Como resistir?

O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Não somos bem um país, mas um campo de provas. Aqui é onde Deus faz suas experiências, acomoda carmas, planeja o amanhã. Tudo vale. Em todas as profissões há os bem sucedidos, os escondidos da sorte e os medíocres. Acha que a literatura é maior que essa verdade?

Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Pesquisando... mas foi meio sem querer, buscando sites aleatoriamente. Visitei uma e não gostei da qualidade dos trabalhos, nem da entrevista, que transpareceu puramente comercial. Com vocês encontrei calor humano.

O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
Claro! Fosse falado, mereceria ser ouvido! Meus textos convidam à reflexão e se abrem a diferentes estágios de consciência. Valorizam o papel das metáforas, onde a verdade se esconde ? aí o maior benefício. É preciso mergulho profundo pra trazê-la à tona e revelar seus segredos, onde o amor é matéria prima, caminho, função. Não serve aos preguiçosos de mente nem aos ávidos por banalidades. Ao meu leitor repito fragmento do texto de abertura do livro: Lancem-se nele com o ímpeto dos destemidos, a curiosidade dos buscadores, a sede comum aos desbravadores e portas do coração se abrirão num ampliar de horizontes. Participem, interajam, comentem honestamente, que à arte tanto pesa a implosão quanto o banho de orvalho, pois a catálise do som de um e o silente frescor do outro são fórceps para novo poema. Sempre. Ler é mais imaginar. Descobrir vãos de palavras onde se entoca o silêncio que tudo revela, a escuridão que tudo ilumina.

Maria Cristina Andersen
Blog do Escritor

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