A FLAUTA E O CAJADO DO PASTOR - 2ª PARTE / Amadeu Cirilo

Trata-se de um livro de poesias árcades, com um ensaio crítico sobre o poema Leia a Posteridade o Pátrio Rio", de Cláudio Manoel da Costa, com um comentário histórico sobre o ciclo do ouro em Minas Gerais, extraído da obra de André João Antonil, escrito em 1711, época da descoberta do ouro. São Epicédios, Epístolas, Cantatas, Caçonetas e Odes.

Os versos de Amadeu Cirilo são carregados de história. Ele traz à tona o Arcadismo, uma escola literária que tinha como característica a valorização da vida bucólica e da natureza com toda sua magia e beleza. O nome Arcadismo veio de Arcádia, região grega, onde morava o deus Pan. Esse deus, chamado Lupércio em Roma, é o deus dos bosques, dos campos, dos rebanhos e dos pastores. Pan circula pelas grutas, montanhas e campos, caçando ou dançando com as ninfas. Ele traz consigo uma flauta e é temido por todos que necessitam atravessar as florestas. O nome Pan dá origem à palavra pânico. Os latinos o chamavam de Fausto e Silvano.

Esse deus se tornou o símbolo do mundo devido à sua associação à natureza. Em Roma ele era o deus dos pastores. Os romanos convidavam Lupercus (Pan) para manter os lobos afastados. Na segunda metade do século XVIII, o Arcadismo chega ao Brasil, estando no auge o ciclo do ouro e do diamante em Minas Gerais. O Arcadismo despreza a vida dos grandes centros industriais e valoriza a vida no campo, e seus textos são em linguagem simples, é a inutilia truncat em relação ao barroco. Cláudio Manoel da Costa, Glauceste Satúrnio, hexavô de Amadeu Cirilo, foi o fundador da 1ª Arcádia Ultramarina. Os lamentos dos pastores árcades sempre enaltecem a mulher amada. Os pastores vivem rodeados de suas ovelhas nos campos, rios e florestas. A posição do pastor é sempre inferior à sua amada, quase sempre inatingível: ?Vem, Ninfa adorada, para quem te ama! / (...) Lembra que seu amor não tem igual chama / Daquele que morre por ti (...)?.

Os temas das poesias são o amor, a morte, o casamento e a solidão. Para expressar esse sentimento eles utilizam a mitologia pagã, como o fez com maestria Cláudio Manoel da Costa e como o faz o estudioso e doutor poeta Amadeu Cirilo, citando Zeus, o pai dos deuses e dos homens. Melampo, que era um famoso adivinho na mitologia grega, em Amadeu Cirilo e em Cláudio Manoel da Costa é o fiel protetor das ovelhas. Os corvos também faziam parte da mitologia como anunciadores de alguma desgraça, a morte de uma ovelha. As ninfas, entre outras variações, seriam fadas sem asas, leves e delicadas. A palavra vem do grego e significa noiva, botão de rosas. São espíritos que habitam nos lagos, riachos, bosques, florestas, prados e montanhas. O poeta Amadeu Cirilo explorou o seu conhecimento em mitologia e literatura arcádica no poema, por exemplo, Écloga II Himeneu. Amadeu Cirilo também é profundo conhecedor da Bíblia Sagrada e nela faz uma incursão pelos quatro Evangelhos, Mateus, Marcos, Lucas e João. Compôs um lindo terceto contando toda a literatura do Evangelho, sempre em linguagem pastoril e bucólica: Écloga I  Urbano e Alceu.  Em todo o livro A Flauta e o Cajado do Pastor II  2ª Parte, o escritor Amadeu Cirilo percorreu páginas bíblicas, mitologia grega e outros livros afins. Esse é o grande e riquíssimo universo de Amadeu Cirilo em sua obra literária.
Santa Catarina Fernandes da Silva Costa  - Poeta de São José do Rio Preto, da plêiade paulista, ao lado de Amadeu Cirilo e Roque Luzzi

Serviço:

A Flauta e o Cajado do Pastor II
2ª Parte
Amadeu Cirilo

Scortecci Editora
Poesia
ISBN 978-85-366-3973-4
Formato 14 x 21 cm 
140 páginas
1ª edição - 2014

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