A DIVERSIDADE LINGUÍSTICA ENTRE POLICIAIS MILITARES E BANDIDOS / Antonio Monteiro
O autor neste livro, nos ensina a diversidade entre Policiais Militares e Bandidos dos mais diversos rincões do Brasil, com suas diferenças regionais e culturais, marcadas no comportamento,na ação e, sobretudo, na linguagem. O empreendimento deste livro implicou um périplo nacional em busca dos dizeres e falares dos PMs e bandidos, em 27 anos de pesquisa, com passagem por vários estados da federação. Provavelmente se você andar por outras paragens encontrará outras gírias, mas se percorrer as sendas deixadas por Antonio Monteiro encontrará, muito certamente, o mesmo universo de expressões.
O autor ainda nos oferece uma análise, um exercício localizado, que em seu livro faz às vezes de introdução aos dois glossários, no qual apresenta informações históricas, sociológicas e liguísticas que podem ajudar o leitor na localização das expressões, bem, como na compreensão da metodologia utilizada. O livro possui mais de cinco mil vocábulos. Mas, leitor, pense no seguinte argumento: conhecer estas expressões pode ajudá-lo a compreender como pensam personagens obscuros de nosso cotidiano, solpapados por vários níveis de preconceito e que podem ser mais bem conhecidos por sua linguagem. Apesar de existir um livro do Capitão Marco Antonio, da Polícia Militar do Paraná, restrito à linguagem dos PMs, base principal da pesquisa deste autor, a meu ver não há outro no país que aborde ao mesmo tempo as gírias dos policiais militares e de bandidos.
Raio-x de um bandido: a linguagem do malandro brasileiro. Na década de 50, o malandro carioca Zé da Ilha prestou o seguinte depoimento à polícia:
?Seu doutor, o patuá é o seguinte: depois de um gelo da coitadinha resolvi esquinar e caçar uma outra cabrocha que preparasse a marmita e amarrotasse o meu linho no sabão. Quando bordejava pelas vias, abasteci a caveira e troquei por centavos um embrulhador. Quando então vi as novas do embrulhador, plantado com um poste bem na quebrada da rua, veio uma paraquedas se abrindo, eu dei a dica, ela bolou, eu fiz a pista, colei; solei, ela aí bronqueou, eu chutei, bronqueou mas foi na despista, porque, muito vivaldina, tinha se adernado e visto que o cargueiro estava lhe comboiando. Morando na jogada, o Zezinho aqui ficou ao largo e viu quando o cargueiro jogou a amarração, dando a maior sugesta na recortada.
Manobrei e procurei engrupir o pagante, mas, sem esperar, recebi um cataplum no pé do ouvido. Aí dei-lhe um bico com o pisante na altura da dobradiça, uma muqueada nos mordedores e taquei-lhe os dois pés na caixa de mudança, pondo-o por terra. Ele se coçou, sacou a máquina e queimou duas espoletas. Papai, muito esperto, virou pulga e fez a duquerque, pois o vermelho não combina com a cor do meu linho. Durante o boogi, uns e outros me disseram que o sueco era tira e que iria me fechar o paletó. Não tenho vocação para presunto e corri.
Peguei uma borracha grande e saltei no fim do carretel, bem no vazio da Lapa, precisamente às 15 para a cor da rosa. Como desde a matina não tinha engolido a gordura, o roque do meu pandeiro estava sugerindo sarro. Entrei no China-pau e pedi um boi a Mossoró com confete de casamento e uma barriguda bem morta. Engoli a gororoba e como o meu era nenhum, pedi ao caixa pra botar na pindura que depois eu iria esquentar aquela fria?.
Antonio Monteiro é Segundo-Tenente da Reserva Remunerada da Polícia Militar do ex-território federal de Rondônia. Soldado e sargento na Polícia Militar da Bahia, em 1977 foi convidado para integrar a mais nova Polícia Militar do Brasil. Trabalhou ao todo durante 32 anos. Na reserva teve a honra de ser reconvocado para trabalhar no Sistema Penitenciário do Estado de Rondônia, atuando em três presídios e na Colônia Agrícola Penal por dois anos consecutivos. Sua atuação no sistema penitenciário lhe rendeu um livro: 620 gírias e frases utilizadas por apenados nas cadeias brasileiras, publicado pela Editora da Universidade Federal de Rondônia (EDUFRO) em 2006. É graduado em Letras (Português) e Literaturas pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR) em 2002, e pós-graduado em Leitura e Produção de Texto pelo Centro Acadêmico Jorge Amado (UNIJORGE), e Mestrando em Educação pela Fundação Universitária Iberoamericana (FUNIBER). Concluiu com êxito os cursos de Questões Práticas do Direito Autoral e Lei do Livro, em 2008, e A Arte de Escrever, Publicar e Comercializar o Produto Livro, em 2013, ambos na Escola do Escritor, em São Paulo (SP). Publicou dezesseis livros e participou de doze antologias em editoras do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Rondônia. Em Queimadas (BA), sua cidade natal, foi agraciado com a Medalha de Honra ao Mérito Poeta Nonato Marques, pela Câmara de Vereadores, em 2006.
Contatos:
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Serviço:
A Diversidade Linguística Entre Policiais Militares e Bandidos
Antonio Monteiro
Scortecci Editora
Linguagem
ISBN 978-85-366-3164-6
Formato 14 x 21 cm
208 páginas
1ª edição - 2013
Preço: R$ 40,00