O ANDARILHO / Marcos Torres

O andarilho conta a vida de um moço, Thoth Fênix, que já vai beirando os quarenta anos de idade e, da noite para o dia, toma uma séria decisão: desconectar-se por alguns momentos do mundo dos negócios, do trabalho, das tarefas profissionais e intelectuais; ausentar-se do barulho da cidade grande.
Nessas suas andanças mergulha profundamente em um mundo de cores, texturas, aromas; um mundo selvagem, primitivo, fascinante; em lugares pouco explorados, lugares aonde todos gostariam de ir pelo menos uma vez na vida; outros lugares talvez nem tanto e outros ainda onde, talvez, não se faça muita questão de estar. Então, queria saber, também, como ainda vivem as pessoas de vida simples, que moram em lugares primitivos, lugares selvagens, no meio da mata, na beira de um rio, em lugares praticamente inabitados ou inóspitos. Thoth parece um desses sujeitos meio estranhos. Parece meio árabe, meio asiático, meio africano, meio europeu, meio índio, meio negro, meio branco, meio mestiço. Sua origem parece não ter terreno. Um sujeito desgovernado vivendo numa terra de ninguém num lugar sem endereço.

São três horas e vinte seis minutos da madrugada, estou com insônia; escrever sobre Thoth me consome os dias. O corpo já não obedece ao que as palavras procuram dizer. Às vezes elas aparecem e me acordam no meio da noite. Os olhos estão cansados e o corpo em estado lastimável. Preciso parar. Em passagens como essa, o leitor do romance de Marcos Torres sente a gangorra narrativa da obra pender para um de seus lados e consegue recuperar o fôlego, para, logo em seguida, envolver-se novamente num movimento pendular. O pêndulo oscila entre a história de um andarilho, Thoth Fênix, narrada em primeira pessoa, e a mesma história, sutilmente transformada, narrada por seu amigo Matheus Leão Adonias, confidente de Thoth em suas passagens pelo Brasil e leitor privilegiado de cartas por ele enviadas de diversas partes do mundo.
Tecendo uma narrativa em paralaxe, Marcos Torres, pesquisador que se dedica aos estudos das vozes discursivas em biografias e autobiografias, mostra-se autor de fôlego num cenário contemporâneo em que poucos conseguem realmente dar voz a personagens, transformados em autores de suas próprias histórias. Thoth não é objeto, é sujeito da história narrada por Matheus. Ambos, por sua vez, são sujeitos que dialogam com a voz autoral de O andarilho. Assim, o leitor tem em mãos um objeto estético marcado pela polifonia tal qual postulava Bakhtin para as obras de Dostoiévski: uma pluralidade de vozes narrando e narrando-se, sem que nenhuma delas seja centralizadora ou se responsabilize por orquestrar as demais.
Adriana Pucci

O livro O andarilho também terá sua tradução em Italiano, Espanhol, Inglês, Alemão, Francês...

Marcos Torres é escritor, poeta e pesquisador. Desenvolve um projeto de pesquisa no Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (UFBA), na área de Literatura Brasileira Contemporânea, mais especificamente sobre o Conceito de Autoria: Biografia, Autobiografia, Autoficção e Performance. Ainda está em início de carreira e tem alguns artigos, ensaios e resenhas publicados na própria UFBA e outras universidades e em periódicos especializados na área de Literatura Brasileira Contemporânea. É autor do livro Poesia Metafísica (2012) e também participa de algumas antologias no Brasil e na Europa.
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O Andarilho
Marcos Torres
Scortecci Editora
Romance
ISBN 978-85-366-3135-6
Formato 14 x 21 cm 
224 páginas
1ª edição - 2013

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