VERA VALTINGOJER - AUTORA DO LIVRO "TRAUM: A ENCRUZILHADA DAS ALMAS"

Vera Valtingojer nasceu em 1962, em Guarulhos. Estudou Música Sacra e Pintura. Foi regente de coral e organista em igrejas. Graduou-se em Desenho e Plástica e é pós-graduada em Arte-Educação e Psicopedagogia. Foi professora em projetos como Escola da Família e Educafro, e foi apresentadora do quadro Viagem Fantástica no programa ICHTHUS, na TV Altiora. Leciona Artes Visuais e Música no ensino fundamental, é artista plástica e contadora de histórias.

Traum: A encruzilhada das Almas
Júlia perdeu a mãe muito cedo e foi morar com a avó na fazenda da família, um lugar marcado por uma história macabra. Crescendo entre o amor possessivo da avó e a indiferença do pai, ela se fecha num mundo de fantasias prendendo-se cada vez mais na teia de segredos e mentiras que envolvem sua família. Em sua busca pela verdade, ela cruzará os limites do inconsciente, descobrindo feridas que o tempo não conseguiu cicatrizar.
Complexo de Cinderela, Bullying, preconceito, separação dos pais, luto, sexualidade, são alguns dos temas abordados neste romance-ficção baseado em pesquisa bibliográfica sobre sequelas de traumas vividos na infância.

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ENTREVISTA

Olá Vera. É um prazer contar com a sua participação no Portal do Escritor.

Do que trata o seu Livro? Como surgiu a ideia de escrevê-lo e qual o público que se destina sua obra?
Traum é uma palavra alemã que significa sonho e é semelhante à palavra Trauma. A ideia é que pessoas que cruzam nosso caminho podem contribuir positiva ou negativamente em nossa vida. Encruzilhada das almas relata esse encontro.
Tudo começou com a pesquisa para uma monografia para a pós-graduação em Psicopedagogia.
Por dois anos pesquisei sobre a vitimização de crianças e as consequências do abuso infantil. A sexualidade vista com preconceito, a ignorância e o descaso da sociedade diante das vítimas de estupro e a condenação das vítimas ao silêncio da vergonha.
Eu tinha feito uma monografia, anteriormente, sobre contação de histórias, e resolvi unir os dois trabalhos. Por isso Traum se mistura aos contos de fada, nos quais a sexualidade é mantida em segredo, daí a protagonista sofrer do chamado Complexo de Cinderela e viver à espera de um príncipe encantado.
O livro é dirigido ao público em geral, mas principalmente aos pais, para que tenham atenção redobrada ao comportamento dos filhos, pois muitos casos de abuso acontecem dentro de casa, sem que os pais percebam; e ao público jovem feminino que tem cuidados exagerados com a beleza sensual proposta pela mídia, cujo objetivo é atrair um bom partido que possa proporcionar um futuro confortável. Escravas da beleza e da futilidade, essas mulheres, muitas vezes, acabam se tornando vítimas de homens brutos e insensíveis.

Fale de você e de seus projetos no mundo das letras. É o primeiro livro de muitos ou apenas o sonho realizado de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um Livro?
Tenho dois filhos, uma chácara com muitas árvores e agora, um livro publicado. Poderia encerrar por aqui, mas sou uma contadora de histórias, como foram meus avós, e quero alcançar um público maior que  netos sentados ao meu redor.
Tenho 54 anos, sou professora de Arte e moro em Bom Jesus dos Perdões, uma cidadezinha agradável onde café e uma boa conversa ainda são o melhor programa. Esta é a região do lobisomem, do saci, do corpo seco, da noiva fantasma que pede carona aos motoristas de caminhão que se arriscam pelas estradinhas de terra. Tenho muita história pra contar.
Traum foi o primeiro a ser publicado, mas há muitos outros esperando na fila.

O que você acha da vida de escritor em um Brasil com poucos leitores e onde a leitura é pouco valorizada?
Viver como escritora, sentada numa varanda ou diante da janela de um sótão, ao lado de uma caneca de chá quentinho, aquecida pelas chamas de uma lareira, com uma agenda cheia de convites. Quem não sonhou?
Viver de livros no Brasil não é fácil, mas não significa que seja impossível. Como professora, uma das minhas tarefas é formar leitores. É um projeto que vai demorar para mostrar resultados. Talvez, daqui a trinta ou cinquenta anos, tenhamos escritores vivendo no Brasil como o que eu descrevi. Espero que aconteça antes (risos).
Trabalhando em escolas, vejo o número de leitores aumentando a cada dia. O cinema tem contribuído para fenômenos literários importados virarem febre entre adolescentes brasileiros. Se o cinema nacional fizer o mesmo, poderemos melhorar as expectativas do escritor brasileiro. Me lembro quando os clássicos da literatura eram usados como enredo de novelas. É um meio de alcançar o público e valorizar a produção literária brasileira. Escrava Isaura passou pelas casas do mundo inteiro.
O hábito de ler no metrô e em ônibus também tem aumentado bastante. Uma amiga me contou que viu uma senhora lendo meu livro numa sala de espera de um hospital. Quase chorei de emoção. Saber que o público está consumindo o seu trabalho é maravilhoso. Temos algumas barreiras como o tempo disponível para ler e o preço do livro, que para a maioria dos brasileiros ainda é muito alto. Mas a maior barreira é a falta do hábito de ler, o prazer de degustar uma boa leitura. Estimular essa geração é o segredo para termos mais leitores nas próximas.

Como você ficou sabendo e chegou até a Scortecci Editora?
Quando resolvi colocar meu sonho em prática, procurei por ajuda e descobri, pela internet, a existência de uma escola de escritores. Depois de algumas aulas comecei a escrever. Entrei em páginas de novos escritores e tive boas informações sobre a Scortecci. Entrei em contato com a editora, apresentei meu trabalho e, até agora, só fiz confirmar as informações que tinha recebido. Meu livro está aí para provar. E em setembro, estaremos na Bienal.

O seu livro merece ser lido? Por quê? Alguma mensagem especial para seus leitores?
Minha preocupação maior ao escrever é que não fosse apenas um livro para distração. Sinto a necessidade de informar, mas também não queria que fosse um livro técnico. Procurei ajuda de profissionais, li muito, aceitei críticas, mudei algumas coisas. Em cursos de formação de Contadores de Histórias há algo que sempre se diz: Antes de conquistar o ouvinte, a história precisa conquistar o contador. Esse foi meu exercício. Só dei por encerrado o meu trabalho quando me senti conquistada pela história e pela personalidade de cada personagem.
Ao terminar a primeira palestra para qual fui convidada, duas mulheres me procuraram e me contaram o que lhes tinha acontecido na infância e que, por anos, haviam mantido em silêncio. Na segunda palestra, mais duas. E mais outra.
Quero me firmar como escritora,  sonho com uma carreira de sucesso, mas, se de alguma forma, eu puder ajudar a alguém com meu trabalho já me sentirei recompensada.
Espero que meus leitores consigam sentir o amor que tive ao escrever e que sintam o desejo de lutar para que o abuso contra menores e a violência contra a mulher seja apenas uma obra de ficção.

Maria Cristina Andersen
Blog do Escritor

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