BAÚ DE QUALQUER COISA / J. CORDEIROVICH

Baú de Qualquer Coisa, de J. Cordeirovich, reúne poemas de um poeta que textualmente se diz não poeta. E essa contradição é parte da sua busca pelo inusitado, pelo controverso que possa gerar situações, paisagens diversas. Nada lhe escapa de certo e um simples som no silencio podem sim render na sua imaginação, tantas quantas palavras forem necessárias pro devaneio solto e descompromissado. Brincar a sério com as palavras com a responsabilidade de ser mentiroso, apaixonado, fotógrafo do real e que entrega ao leitor o melhor de sua criação.
Como ele diz as vezes no decorrer do livro: poemas da paixão solta no papel. Dedicado a uma geração de amigos, com quem por décadas conviveu, numa Vila da Cidade de São Paulo e com quem aprendeu e praticou os artifícios da arte. Hora na música, hora no teatro, hora no vídeo; alguns visíveis na internet. Chega mais junto deste Baú, que tem de antigo seu nome, mas com uma chave atemporal, se possa abrir e sem censura, percorrer corpos e devaneios na aurora quem sabe, da palavra de seu autor, de seu também despretensioso fingidor. J. Cordeirovich lança neste momento parte de sua Obra, e tem na mesma proporção deste volume, outro material que aguarda edição e como mesmo diz: um segundo projeto procurando papéis e tintas para se tornar real no forno da máquina da gráfica. Quem sabe? Seja sim.

Baú de Qualquer Coisa permite que adentremos pelos diferentes universos que configura seu autor como ser. Nada lhe escapa, porque nada é irrelevante... Do  Um Auto Retrato  à sua Conclusão,  podemos apreciar as reflexões sobre si que nos levam também a refletir sobre nós mesmos; descrições do cotidiano que pelos olhos de qualquer um não teriam nenhuma beleza; questionamentos sobre a vida, sobre o mundo, sobre o Ser Homem, questões que nos acompanham desde sempre. O poeta traz, também, a sua fala sobre a própria poesia, sobre a palavra e sua dialogicidade: metapoemas que nos permitem desvelar, mesmo que brevemente, a magia do pensamento poético; o amor - os de fato e os possíveis - e nem a certeza da morte estão ausentes, assim como as referências às suas origens, suas indignações e provocações. Baú de Qualquer Coisa revela o seu poeta tal como é: imprevisível, controverso, provocativo. E ainda indagativo, reflexivo, introspectivo, utópico! Serenidade, humor cínico, como ele mesmo assume, e explosão de sentimentos, misturam-se em uma trajetória singular! Não há uma ponta que fecha o círculo, pois ele não se fecha! Cada página virada é um convite para uma leitura diversa e múltipla. Leitura que nos leva da simples apreciação até a mais complexa indagação. Como seu autor, seus poemas se apresentam como um belo mosaico de cores diversas.
Cida Sarraf - Mestre em Educação pela Universidade São Paulo, licenciada em História e Pedagogia, é especialista em Psicopedagogia. Atua como docente nos Cursos de Pedagogia e em Programas de Formação Continuada à professores da Rede Pública. Desde janeiro de 2013, compõe a organização do Sarau da Maria.

J.Cordeirovich, nasceu em 1955 na cidade de Itabuna, Bahia. Filho de gente muito humilde socialmente, pai pedreiro e mãe lavadeira de pedra de rio, como o costume do lugar nos anos 50. A família migrou para São Paulo em plena ditadura, anos 1964/65, e ele lembra bem disto, pois ainda menino era retirado do ?pau de arara?(caminhão típico nordestino que transportava os migrantes para a capital) quando os militares barravam a estrada para vistoriar o veículo. Formado em Letras Portugues e Inglês, pela Uninove, também é pós-graduado em Psicopedagogia, pela Gama Filho. Aposentado, sempre trabalhou em projetos socioeducativos. Tomou gosto pela música por influencia da mãe, que trabalhava na beira do rio e vivia a cantar enquanto ele nadava e brincava ao seu lado. Já em São Paulo, fez parceria musical que resultou na gravação de um long-play nos anos 80 em dupla com Lé Dantas, com quem tem algumas composições musicais. Durante alguns anos, logo que chegou a São Paulo, trabalhou como contínuo numa repartição pública e nas horas vagas se apossava de uma maquina elétrica, à época, e escrevia. A poesia lhe chegou através de um professor da escola que encerrava suas aulas lendo poesias dos modernistas no tempo do ginásio noturno. Conta que descobriu novos horizontes com estas leituras e os comentários deste professor, do qual não lembra mais o nome. Entre outras habilidades, além do canto, dirige grupos amadores e escreve para teatro e tem textos de peças teatrais na gaveta. Entre suas publicações tem o livro de poesias Pulsares, de 1993, pela Editora Salesianos, que também publicou o infantil O Gatinho Mi, ambos com tiragem pequena e esgotada e com a colaboração incontável dos amigos Glen Martins e Elsio Ferrari, seus parceiros e incentivadores de sempre.

Serviço:

Baú de Qualquer Coisa
J. Cordeirovich

Scortecci Editora
Poesia
ISBN 978-85-366-3470-8
Formato 14 x 21 cm 
156 páginas
1ª edição - 2014

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