PELAS FRESTAS / Fernando Maioni

Pelas frestas, primeiro livro de Fernando Maioni, apresenta uma coletânea de mais de cem poemas, com estilos e temas diversificados e um elemento comum: seu olhar de estranhamento. É com este olhar, misto de surpresa e questionamento, que nos deixa entrever pelas janelas de sua alma, rica de sensibilidade.

Se a palavra fresta significa ?qualquer abertura estreita em algo ou entre coisas que permita a passagem do ar e da luz?, saiba, caro leitor, que encontrará na leitura atenta deste livro ar puro e luz forte, tão forte que ilumina o mundo à nossa frente, os fatos e as pessoas de forma diferente, fazendo-nos ver o que sempre esteve lá, mas que só agora, com a iluminação adequada, é possível enxergar de fato.

Nasci no fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Carioca da gema: era assim que me dava orgulho ser reconhecido. Passei toda a adolescência nas praias de Botafogo, Urca, Vermelha e Copacabana. Vem dessa época o descontentamento que me levou, mais tarde, a fazer poesia. Era lindo demais ver o pôr do sol morrendo no mar nas tardes cor de laranja e a noite com seu silêncio e céu estrelado. O vento que levava as pipas coloridas, os passeios de bonde, o encantamento do primeiro beijo... O tempo passa, o corpo vai ganhando tamanho e a dura realidade vai nos distanciando da inocência... Não sei por que, sempre me pareceu, da infância à adolescência, que eu vivia envolvido numa tênue bolha que me protegia em um mundo encantado. Nele tudo podia, o tempo não tinha horas e era tudo uma alegria só. De repente, a bolha espocou-se. A poesia é querer ter de volta esse tempo em que eu era como o personagem da música ?Todo menino é um rei?. Fora a sensibilidade de poucos, não é real para todos no que o mundo está se tornando. A perda de valores cresce a passos largos, sob o olhar de uma maioria passiva e de políticos preocupados apenas com o ?corporativismo lucrativo?. No poema ?A vida não é um lago parado? expresso justamente esse descontentamento. Há no filósofo Nietzsche o forte apelo para que surja o super-homem, tão bem descrito em ?Assim falou Zaratustra?, e no eminente pensador Krishamurti, a grandiosa paixão dedicada para que surja ?um novo ente humano?. E também no filósofo Heidegger, a afirmação que nos remete à mesma preocupação com o ser humano: ?Mas o poema não é nenhuma vagabundagem do espírito inventando por toda parte o que lhe apraz; não é um abandono da representação e da imaginação tendendo ao irreal?, e prossegue: ?O homem é um poema começado?. Tenho nestes três iluminados a bússola que me leva a acreditar na vida. Amo a vida que a cada dia nos surpreende com sua beleza e busco cultivar a esperança de que bons tempos virão, apesar do cenário atual. Fui atraído para a poesia e, posteriormente, para a filosofia por perceber nessas fontes ?clareira de entendimento humano?, que me inspira e alenta traduzir em poesia o ?mesmo perfume da criança que corre livre e feliz num campo aberto?.
Fernando Maioni

Serviço:

Pelas Frestas
Fernando Maioni

Scortecci Editora
Poesia
ISBN 978-85-366-2873-8
Formato 14 x 21 cm
140 páginas
1ª edição - 2013
Preço: R$ 30,00

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